A beleza é perversa
seu consenso é fatal
Ela oprime
comprime coisas
pessoas, vidas
em castas de gradação:
mais reto do feio
ao
mais perto da perfeição
A beleza é mórbida
desalinha corpos
deixa marcas no ego
surrupia a felicidade
abusa de quem não recebeu
seu pouso de benfazejo
decepa partes e insere outras
A beleza é dádiva
dada por deus
e deus é injusto e tem planos:
Eis um ser perfeito, ainda que feio
Agora aguente
ou se tiver dinheiro,
intervenha
A beleza é uma farsa
Impiedosamente a história
não a ataca
e converte em mera questão
de proporção e gosto
a opressão que jaz atrás de si
Um dia, oxalá, não veremos
a beleza, veremos