0020. Utilidade

O que eu quero
ver, sentir e conhecer?
Ou seguir o rumo normal da vida,
olhar, fingir e decorar?
Um quê depressivo
quer se apoderar
Luta para não perder a guerra
mas o que pesa são as batalhas
que de tão constantes
tornaram-se maçantes
Em torno de mim eu sinto,
eu vejo,
eu olho,
eu conheço,
eu decoro,
eu finjo
As vezes acho o poeta
um ser desprezível
banaliza ou enfatiza tudo no papel
esconde de todos o Tudo
numa parede de metáforas
numa sopa de letras
numa coisa não tão importante
que ao poeta é a essência
e para o cidadão é “bonitinho”

é inútil falar da inutilidade dos poemas
pois a utilidade existe
incrustada na minha felicidade
de ver a rotina dos meus pensamentos,
os turbilhões de percepções,
as minhas memórias,
as minhas recordações vitais
grafadas em palavras

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