Vindos da semi-árida bissetriz de norte e leste
Todos mistos, mamelucos, mulatos e cafuzos
Confusos com suas situações
Preocupados e descontentes com suas resoluções
Cansados, castigados, semi-escravos
Paradoxos pois felizes
Hipérboles pois nervosos
Cristãos por imposição
Vodus por hereditariedade
Indecifráveis e desnecessários peões do jogo
Deseducados por má-educação
Mão-de-obra consumidora,
Que levanta pilares de mercados
Onde, com o suor de seu trabalho,
Gastarão sua mínima-esmola-salário
Mas mesmo assim seguem
Esperando no futuro seu paraíso
Pois “é mais fácil passar um camelo no buraco de uma agulha,
do que um rico adentrar ao reino dos céus.”
E por isso mesmo seguem
Respirando o cheiro do progresso humano nesse coletivo
Esperando por panelas cheias em seus lares
E inconscientes de suas vidas