Não consigo falar como antes,
Pois há um grito que quer explodir,
Uma bomba terrorista
Ou um ataque kamikaze,
Suicídio em letras
Suicídio em palavras
Morte lenta e dolorosa,
Como um tiro no estômago
No âmago das tristezas e desilusões
Um tiro dado pela vida com a arma do eu
Que tantas vezes cego,
Tantas vezes louco
Tantas vezes mil
Tantas vezes, mil outras,
Proferiu injúrias contra si
Não consigo ser como antes,
Pois antes havia um motivo quase nobre
Para ser como uma árvore
Ou um colérico ébrio excluído
Ou um simples monte coberto de grama verde
Tão verde como as cortinas sujas
E amassadas do meu quarto
Que outrora sentiu na pele
O luto em que estava meu eu
Assim sendo não consigo mais
Pois só o nada é meu realmente
E não é mais o nada que era,
O nada que sentia antigamente