0139. Também sobre o fim

Prisioneiro do momento
Amarrado a acalentos
Por se achar Polifemo
Desvirtuoso, não o sendo
A platéia de sua peço
O alardeava; dizendo:
“Sedes Narciso – por dentro”
Exterior impróprio para tal

Fera
Lobo da estepe a se descobrir
E a bela?
Deve passear em bosques por aí
E a solidão aperta
Sol, id, hão de atacar
Atracar sob o mar
Após o maremoto da depressão iniciado

Mas, tic-tac, a solidão consome
Tic-tac, e queima
Tic-tac, e dói e fere e alucina
Tic-tac, e dói
Mais uma folhinha arrancada junto a uma hora
E arranca-se a esperança em nada
E tic-tac, prisioneiro
Fera, tic-tac

Discos rodam (tic-tac)
Segundos rodam (tic-tac)
CD’s rodam (tic-tac)
Imagens rolam
águas rolam pela face (tic-tac)
Tristes certezas afloram
e certas incertezas as adornam

Tudo roda na jaula-palco
e a solidão apavora
A fera ri,
o prisioneiro chora
e ora
Uma hora quer pão e circo
Outra hora quer circo e pão
Uma hora (tic-tac)
Ora, ora…
Não adianta chorar pelo leite derramado
ele sempre sobe quando você tira o olho

Por que a Bela carcereira domadora fugiu?
A solidão desponta! (…)
Tic-tac, tic-tac
Tic

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