0203. Mítica nova

vejo discos-voadores planando sobre as campinas do cerrado
vejo buracos negros caleidoscopiais sugando tais discos
e vejo que delírios de amor consomem meus neurônios
tão doidamente que as metáforas rompem-me a razão
descubro tudo com olhos de um possível provável poeta
por isso, conversei com Hércules ontem
e admiro Afrodite quase todos os benditos dias
Afrodite que mora em uma concha no fim do mar
e assim – poeta – declarei-me entre linha a ela
aparentemente ela que ir embora no disco-voador
e eu fico aqui, mirando o mar abissal do céu noturno
pensando eu ser o próprio Vulcano dos presentes
indo integrar-me à calda de um cometa fulgurante
desfigurando-me mais ainda, mais do que já sou
pretendo entregar-me e integrar-me ao cosmos
ao cosmos discoidal, fulgurante, preso a uma concha de Afrodite
mas disco voadores continuam e robôs herculóides avançam
autômatos autônomos e vivos, é Poseidon que escorre
e molha, dando vida nova à minha parca morte
dando vida nova ao disco voador que jaz sugado

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