Preciso costurar um poema
pois versos soltos em retalhos
de neurose foram postos
sobre a mesa
Tem um dia azul cinza
tornado transtornado a
cair feito viscose
Tem a cor da dor de tudo
em dó em tiras de cetim
O motor da saudade
censurada num corte de brim
Meu dolo no consolo pouco
do si estampado em seda chinesa
A lonjura que apura
o Campari em algodão cru
Tactel carcomido como um
corpo dolorido e não dormido
Há o espaço da vontade
que invade sem poder cortado
numa peça de linho
Pego tudo, junto um pouco
crio um padrão mínimo
costuro um tanto e pronto
está feito um abrigo contra o frio