2360. Pós I – Heterotopia

o espelho me junta de mim
uma porta para um eu invisível diuturnamente
no espelho, meu igual avesso
me avexa e envergonha
mas me põe ali em mim num outro lado

no espelho eu me espalho em mim
como poucas vezes me percorro tanto
é lá, nele, que fico eu medindo
se por destreza de acidente
me assento mesmo assim ou assado

o espelho é o lugar em que me encontro
não me sendo posto que eu vejo
mas sendo eu posto que me vejo
é lugar de encontro contrário feito
no reluzir de luzes em modo vário
não é não lugar
é o topo do pouso da minha imagem
a se enxergar

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