Caminhei por debaixo das sombras de árvores aguerridas
que penosamente tentavam sobreviver ao massacre indistinto
Chorei copiosamente três manhãs inteiras
posto que ao meio dia não se é horário apropriada para chorar
passei as tardes desses dias cavando buracos no chão duro
atravessando rios e brejos
regurgitando informações esparsas sobre a vida
Naquele vale afluente do rio das araras
passei dias inteiros conjuntamente solitário
vi o azul do céu desabar sobre o vermelho da tarde
vi o romper da escuridão entre o lampejar de vaga-lumes
Lumiei a noite com a lamparina da esperança acesa
Ao retornar para casa
chorei mais três noites seguidas
pois que em casa é bom chorar de noite apenas
Foi naquele verão que todos chamam de inverno
que banhado de lágrimas e suor do trabalho
tomei o prumo da inocência outra vez