debaixo da barriguda em flor
de frente para a quaresmeira entrando na quaresma
ao lado da espirradeira branca de afagos visuais
atrás das sibipirunas com sua frondosa verdância
um carro canta o pneu saindo da comercial
com a arte do sexo podendo crer que esculacha irradiando más vibrações
pelo corpo
um céu que pousa ríspido e afável dentro da terra
joões-de-barro pingam pela abóbada
e guardam seus futuros num galho de pau-ferro
a senhora faz o cooper indo de uma asa a outra
o mendigo corta correndo os eixos
equilibrando-se pelas veias centrais do corpo dessa cidade
vírus inoculados em seus utilitários 4×4 infiltram fumaça nas artérias
rápidos, vívidos, crentes
descrentes
concursada gente decente
a lentidão vagueia pelos espaços vazios
desviando das pressas zero quilômetro em sessenta vezes sem entrada
a modernidade é líquida, o amor é fluido
e as mangueiras começam a perder folhas
bem na via-veia intermediária passa uma coca-zero
e hoje talvez chova
bem na hora da novela das seis
quando folhas secas caídas de uma mangueira, pense na minha escola e nos poetas da minha Estação Primeira!
“A minha música não é de levantar poeira
Mas pode entrar no barracão
Onde a cabrocha pendura a saia
No amanhecer da quarta-feira
Mangueira, Estação Primeira de Mangueira!”