3035. Onilírica II

o dia acordado na pressa de uma página virada
e um parágrafo lido lentamente
com aquela voz na cabeça aos sussurros

foi antes do sonho

como as manhãs que não acontecem nunca
caladas na pausa do sonho, na entidade desperta do dia,
premendo contra o corpo, gravidade, céu

os talhos inertes na boca e a força
pra romper a manhã adiada
consumindo riso em dentes laminosos

o sorriso do sol brotando breve entre uma chuva longe
seus dentes luminosos rasgando a brevidade
da pausa do sonho, afiada luz

durante o dia

durando marcha lenta, abafada, o estampido dos vagões
cada um dragões dentro do seu dia, peito e fígado
todo um jorge, lança e cavalo, simbiótico

chuva longe, agora dentro, légua de mar nos olhos
faz-te bruma, brilha breve um bem-estar
estando como todos, lado a lado, na plataforma, arrepia a espinha

o bolso chia, corredores e pátios longos, o fim longe
aquela voz sussurra na cabeça a brevidade até o próximo sonho
e lá no infinito, um sorriso brota

fácil, ainda que bruto

2 comentários em “3035. Onilírica II

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