os rolês que se dão
pelo bem do consumo
esse sim o senhor, deus inatingível
objeto de política pública
prêmio próspero por uma vida permeada por aquele outro deus,
com d maiúsculo e pompa de pop-star milenar, temível e bondoso
a seus livres cativos
travador das novas lutas de classe
dos cem mil sentidos do direito à cidade
os rolês que se dão, flash mobs que são
fluxos hedonistas épicos
sente a pegada
saca o modelo
a potência, a pegada
registra no face
olha o estilo
beijo no ombro pras invejosa
os muros caem em prol das bolsas
família, louis vuitton, pirata e cassino global
os rolês que se dão ressemantizados pelos arautos do estado de bem estado social
estado de bem estar de consumo
estado de bens, direitos e deveres dos outros
estados de livres mercados
saca a fita de mil grau:
o futuro próximo de amanhã de manhã
já é a moda do parco
pouco
consumo distintivo de sua melhor classe social
a moda salvará o planeta de seu alto auto consumo
e o livre mercado salvará o planeta dele mesmo
seres de luz, brancos, iguais e budistas cristãos
heterossexualmente reproduzindo o mundo perfeito da palavra
e das coisas postas nas prateleiras da internet
serão vários os sabores
vários os rolês
todas as cores, tamanhos e modelos
promoção com cartão fidelidade
prazer parcelado em dez vezes sem juro no cartão
entenda os rolês
interprete-os
teorize-os em teses acadêmicas
politize-os
indigne-se com eles
exija pena de mortes para os rolês
o rolê já te consumiu desde o primeiro banco na terra
e você nem viu