Quando a noite será tumati
e a manhã será mamão
Nesse, saber-se-á com a pele
que o amor é libertar
Dói e dura
Coragem e candura
feita de desprendimento,
diáspora e bem-querer
O sentido das coisas é tênue:
a frigideira esquenta,
joga-se um fio de azeite
O amor, já livre dos enredos da cultura,
dorme alhures
Primeiro a cebola
e depois o alho, para não queimar
A mente que dói e dura
conduz a colher de pau
Houve um choro entre a faca
em sobressalto no dedo
e a cebola sendo picada
Escorreu essa marca de que o peito é quente
mais que a frigideira
derreteu nó de gelo na garganta
e desabou flor de sal
Disponha as couves-flores
no azeite quente
acrescente um punhado de couve fatiada
e tempere com sal e pimenta
Ao final, adicione um pouco de manteiga
Despersonifique o estado
do amor no ser
O amor livra e é sentido
o ser é a pessoa,
há um fluxo aí
Quando ela chega
a mesa está posta
Ela que recebe o amor
andou pelo mundo,
tem história, faz
Os lábios se selam livres
À noite, molho ao sugo
Pala manhã, vitamina de mamão