3226. A janela aberta

Cachos enraizados
cultivados
por monotonia e doses de raiva
Olhos baixos
prestando atenção dentro,
mirando fora

A mente alta
desconectada dali
leva o corpo a cultivar cachos
Um corpo se contrai como feto
breves lampejos de sono
inundam sonhos de cafunés

Um frio entra
silencioso
Como passos de um gato ladrão

Algum tecido infinito separa

Corpos marcados de história
respiram cansaço
Coisa que gela
esquentando o estômago

A janela aberta

A brisa que empareda o corredor
Barulhos surrealistas irrompem tudo,
ensurdecem a tevê
quase borram a modulação das sombras
que o aparelho ligado no escuro emana

Passados passam
pipocam
Poucas palavras
Palavras receosas, medrosas
Retornos eternos, infernos

Um exemplo de grama verde pega fogo do outro lado
A mão quase toca a perna
Para
Receosa, medrosa

A janela continua aberta
o frio colhe silencioso o fogo
Olhos se evitam
Algo se perde

A janela sempre aberta

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