Pela manhã anoiteceu
e veio um sopro de tudo
feito som de trombeta
Tava lá, o gado confinado,
a cerca campeando as perdas
A máquina berrou alto,
os bois se debateram
A relva se deu de ração
e as manhãs nunca mais foram
de sua matéria cristalina,
elas caíram pela falta do despertar
Quase tudo se assombrou
e fantasmas trotavam pelos
canos d’água vindos da represa
Até o que vinha pela brisa,
baixando os olhos dos bois
a serem abatidos,
dormiu
Tudo virou visagem,
espectro, sombra
Era aquilo que podia
no sem fim da noite
vinda pela manhã
Só se aprumava um resquício de luz,
quando se abriu a porta das seis horas,
quando o umbral do tempo
desaguou a escuridão já tomada tudo
A cancela meio erguida
só restavam meias vidas
e todo o confinamento do gado
bastou-se ao chão
Algo explodiu no céu,
e a luz se apagou mais ainda
Do sonido das trombetas,
uma graça de melodia
O fim sem mote,
um bife chorava léguas