3419. Impresso nas testas

Ele projeta a perna sobre o corpo dela
Ele quer todo o contato
Ela se projeta contra a parede do metrô
Ela deita no seu ombro
Ele brinca com o zíper da mochila
Vago e decididamente
Ele fala algo
Ela põe os dedos nos olhos fechados
Como se contivesse um choro
que no fim, não vem
Ele é bonito
Ela é bonita
Desse tanto que todo mundo
anda sendo ultimamente
Ele tem fios brancos no cabelo
Ela escova
Ele queria saber o que
Ela não sabe se quer dizer
ou mesmo se sabe o que
Ele queria entrar na cabeça dela
Ela queria sentir que se pertence
Ele a abraça amavelmente
Ela finge que dorme
Ele segura seu braço calmamente
Ela quer ar, vento
Ele é bom, ele pensa, ele entende
Ela é ela, ela pensa, ele não entende
Ele faz tudo certo, aliança, espera
Ela espera
Ele acha que merecia mais, dedicado
Ela queria querer, ele é bom
Ele acha que faz pelo bem dela
Ela queria fazer por onde, pelo seu próprio bem
Ele tem certeza que é pelo bem dela
Mas queria saber o que fez de errado
Ela tem certeza que é pelo bem dela
O ego dele canta um blues
O ego dela toca harpa
Ele não consegue entender,
como posso ser tão triste?
Ela não consegue dormir,
como posso ser tão triste?
E logo ali
Onde a panaceia do amor
Se mostrou como no filme
Igual que nem no último capítulo da novela
O ego dele salta pelos olhos,
quase chora
O ego dela salta para dentro,
finalmente o sono a toca

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