Eu vou de bike,
pelo caminho, vê-se as ruínas
do antigo castelo dos sonhos brutos,
a cracolândia de quem não teve
direito às expectativas calmas,
os restos materiais para a
futura arqueologia dos sentidos urbanos.
Ao largo, os hieróglifos inauditos,
visíveis e invisíveis, paisagens já.
O pixo atrevido de cada dia.
No meio da ciclovia, o tiozinho de joelhos
e um saco vermelho preso na cabeça,
tapa os olhos,
ergue as mãos para os céus.
O céu é infinito e nos cobre.
A fiação é de cobre e foi arrancada,
moeda de troca em um mundo
de pouca valia a quem mais deveria valer.
Continuo,
passeio por essas galerias de arte a céu aberto
que são os muros das escolas.
Os grafites que dão graça à quebrada
que reproduzem o marco central,
a caixa que guarda a água
e lembra a luta de quem saiu de lá,
de onde não a havia e cá a queria.
A Caixa D’Água.
A coisa toda vai indo,
eu vou percorrendo.
A coisa toda é loka.
Eu, vou vendo…
Republicou isso em lapis grafite e qualquer coisa.
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