3681.

Há uma curva
no avolumado das águas

Diziam que por detrás dela
o abissal ganhava vida
na superfície das ondas
e toda a sorte de quimeras
destroçava naus e faluas
engolindo marinheiros
e vomitando rochedos

Tritões estrondavam
os mares, sereias rompiam
a cabeça de desejos
entalhando a loucura

E lá no fim, segredando
o profundo azul,
a súplica dos oceanos
se fazia ao último instante
desabando os fragmentos
restantes numa queda
sem fim dentro da noite
que envolvia a Terra

Por dentro do firmamento
toda água virava espaço
Trevas feitas de mares

Diziam

Era um mundo encantado

Sabiam

Diga

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