Para conhecer os nós
eu teria de ser o ar que os envolve –
amarras sequenciais, fluidas
atam e desatam, viram teias.
A natureza dos nós
é dada por dedos precisos
que escolhem as qualidades: cegos ou frouxos.
Atam memórias, anseios, horizontes
agrupando cordas que enforcam e subjugam.
Os nós tecem as redes que abrigam cardumes –
habitat temporário de quem será devorado.
A vida tem sido feita de nós
que conectam arremedos passados,
meio presentes, parcialmente futuros.
Diante dos nós
os laços são clones
sem estudos dos impactos,
os nós – tatuagens híbridas, intervenções.
Massas amarradas, como gado pro abate,
atando mais nós, armadilhas,
os nós nos ligando
ponto a ponto
emaranhando.
Eu e você já nos aprisionamos
entre todos os tipos possíveis,
deles, os nós, que somos nós apenas se tivermos nós.
Já possuem vida própria.
Tantos e tamanhos, da textura de tecidos
que vibram como se ondas d’água fossem.