a poesia como ato de guerra
como arrebatamento de vontades
como a luta contra o apostilamento dos desejos
como a consubstanciação da brutalidade onírica
a firmeza da modularidade das palavras
balas
a inteireza da desestruturação racional
mísseis
a força dos encantamentos ébrios
minas
bombas granadas morteiros
a poesia da guerra das palavras
lançadas como num front
trincheiras escudos barreiras
romper os peitos os crânios
matar
a poesia que fere
a crescente do poema atômico
os atos impensados os códigos
a blindagem
senhas sanhas insanas
a poesia como ato de guerra
lâminas machados espadas estopins
estilhaçando o enquadramento do mundo
que só pulsa
pulsa pulsa pulsa mais
a covardia da guerra plena
contra quem sem armas
a não ser suas mãos
e cabeças
e couraças
coração cutelo
pouco ar
poesia