S’ ‘eus

É como se eu tivesse essas contas a resolver e seria necessário apagar, zerar, saldar, todas as contas do passado. Não por ti, para ti, mas por mim, para que pudesse ser por ti, para ti. Se fosse em outro tempo… diriam, se tivéssemos nos encontrado lá atrás… dirias, e se for de outra vida? dizíamos. O certo é que fora nessa, não noutra. A via una desse momento presente, meu agora seu – ora direis: nosso, ouvir plurais, certo tens todo o senso e razão e sensibilidade –, sim, como todo eu se forma noutro – seu – s’ mais eu, designa o plural prévio preposto, distintivo da real posse – doutra – do si que se faz noutro – noutra – – – e como me faço agora assim: transcorrimento do passado até o agora em que me encontro junto a ti e penso em zerar o passado – me zerar? – para que me espraie e com teu espelho, refaça, reágua, ressaca até vazar. Mas a coisa se constrói na ida, na via, una, essa, nossa, o resto é medo, como o passado – medo. Cada bifurcação nos conduz à nossa via, a vida. Cada encruzilhada, uma esfera, retorna a si e nos fazemos, a ti, a mim, nós. Cada encruzilhada um nó nos caminhos – e quem não irá dizer que teus raios se fizeram foi no meu céu, ou que meu branco foi só pra ornar tua luz brilhante e que o firmamento se uniu ao vento para ser, não parecer? quem? pois que andei pelos caminhos abertos para ti e abri os braços para ti e até os próprios caminhos – eu digo, eu posso – eu que já sou um eu seu, que sou – s’ mais ou, designa a alteridade incontida a se expressar na dúvida, plural, prévia, preposta – – – – para ti que me faz, como nos fazemos. E a coisa se constrói no caminhar, e como caminhamos! As pistas de antes e as léguas desde o encontro. Por isso nos fazemos e nos compomos, eula que tume. Não, não são muletas, apoios, escoras, afinal, dialogamos já deitadas, horizonte de igualdade nos termos da voz, nos apelos dos olhos, na vibração da carne, uma hora por cima, outra hora por baixo, ou de lado, ou de quatro, ou de beira, ou de mãos. E toda hora de afagos, carícias, primícias, delícias e dengos e toda sorte de cafuné, da cabeça aos pentelhos vão fazendo e compondo. E certo que devem dizer: afoito, a foz é definida: fim. E’u só diria: fodam-se! Dos meus figos, filos, filhos, foices, flores, falo ‘, eu. Mas eu sou eu e sou outros e essa porra de tantos intermédios. Mas o caso é que agora eu sou esse que daí também sai – s’ mais ai, designa a dor locacional desentranhada e transposta em gozo, disruptivo de onde para o longe daqui distintivamente plural, previamente preposto – e que por aqui também fica no sem foco do diluído da fumaça do teu fumo se embrenhando nas beiras da luz da manhã ou no amontoado da repetição da luz – da rosa – no avolumado das cortinas que desenham o dia na noite profunda. Esse eu que é passado e que olha atrás e treme e anseia zerar é o eu moral que se escanteia pelas beiras, se esquarteja em corte nobres e carne de segunda, fora o osso, o sebo e a banha – e o sangue e os miúdos para o alimento dos caminhos – e se esvai até esse eu agora, forjado nesses ‘s todos e em ti, nesse agora que me esparrama e espelha e espalha e me avessa, das sombras à luz, sentidos sonantes para ser-se em si e poder ser por mim e, também, por ti, para ti, pronto, a cada passo, carregado de passado, para sê-lo e selar-se definitivamente em construção, caminhada, sem culpas, nem constas, nem contas, nem pagas, nem nada.

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