Deglutir e mascar
o que te condensa
e depois o que te condena,
o que te coordena
e comanda.
Uma após a outra
parte que te encontra
e entranha.
Eu me perdi de tudo
e o vislumbre que
aproxima é o amargor
de uma paisagem sem
palavras complementares.
As fantasias que colecionam
são diálogos imaginários
e pedaços de esperanças,
farpas travestidas de dedos
e desespero em verso e versa.
ME matem num descampado
e coloquem um boneco
para me substituir
e soquem sua cara todo dia
e se lembrem de mim
a cada soco
e me enterrem em areia
e coloquem faias em minha
cobertura
e defequem por cima,
ao terceiro dia
ressuscitarei no corpo
do boneco sem carma
e farei desafios como
os da baleia azul
para jovens de trinta anos.
Há que se deixar a dor
e o odor falar, flanar, estampar
a cara e a carne.
Ondas de valor débil
e aspecto hostil
a qualquer cidadão de bem.
A sobrancelha tensa,
a testa franzida
e a fronde como um bife
batido a marreta.
Regurgitar, como gado.
Ser a ovelha, o novilho
e o cordeiro para o abate
e o arremate no leilão,
arrebatados os corações destituídos
da lição menos efêmera de todas:
a vida é um desabrigo.