um dia de fúria contida
e no fim trafegar pelas
ruas retas e solitárias
das noites todas tristes de Taguatinga
uma vertigem pelo prédio em formação
e os cheiros de bacon, beladona
e bosta de pet pisada
no dia do n’amor roubado
acreditava na vida e nas vias
como se todo cruzamento
suprassumo das possibilidades
fosse o casulo de um potro indomado
hoje as ruas são claustro
desmesura de urros não ouvidos
e os passos de um fim de dia qualquer
nauseante de imagens e odores
não amo essa cidade
não possuo nenhuma cidade
só uma dor rural que arde
na ponta do peito