Diante dos morros dantescos
quixotescos e quiméricos
que se esparramam como
onda a despedaçar os sonhos
de areia tidos por crianças
mortas na beira da praia da baía,
tudo se desfaz e carreia
erodindo aquilo que foi sólido um dia.
E a gente se apega às corredeiras de lama
como se fossem se solidificar novamente
ou como se fossem cordas
a fiar os tecidos da vida
e nos agarramos ao volátil tsunami
de densidade barrosa
que arrasta arranha-céus feito formiga.
A gente ali, no fluxo inundante,
trocando a liberdade por uma nesga de segurança
– escultura de barro,
até a próxima tormenta.