4129. Aluvião

Diante dos morros dantescos
quixotescos e quiméricos
que se esparramam como
onda a despedaçar os sonhos
de areia tidos por crianças
mortas na beira da praia da baía,

tudo se desfaz e carreia
erodindo aquilo que foi sólido um dia.

E a gente se apega às corredeiras de lama
como se fossem se solidificar novamente
ou como se fossem cordas
a fiar os tecidos da vida

e nos agarramos ao volátil tsunami
de densidade barrosa
que arrasta arranha-céus feito formiga.

A gente ali, no fluxo inundante,
trocando a liberdade por uma nesga de segurança

                  – escultura de barro,

                   até a próxima tormenta.

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