A nossa pele já não tem mais aquele brilho
nossos músculos perderam a tonificação
há em cada célula um cansaço da memória
e uma sede por memória,
mas já não sabemos como ousar o corpo,
apenas o usamos
há com certeza uma fina camada de certeza
um pouco tesa
um pouco muito dura
que quer continuar pele cobrindo a alma,
porta para.
Nossos corpos já falham
ressacas de três dias
cigarros tortos e aflitos
paranoias a qualquer toque,
mas ainda somos algo que se compõe
turba ansiosa por ansiar algo
uma ansiosidade da falta
ou do todo completo
momento de ainda querer
ainda que confuso com o arame nos pés
e na ponta do peito,
farpados e condutos ao passado.
E essa dor travestida de paisagem
por onde passamos, querendo nós,
os nós que atariam uns às outras ainda
e que seriam mais que esses brilhos nos pés
e essas calças agarrando nossas batatas
perto dos quarenta
ou entre eles
tudo se torna ponte entre o que foi
e o que virá
como se fosse nós.
Que soco! Parabéns.
Gratidão, Renata! São os murros que ando tomando… rs