primeiro é preciso saber ler
de bom alvitre escrever
mas para ler bem, tem que se ler
e para escrever, também
depois deve-se ter livros
e lê-los
e discernir metáforas
e entender as proposições lógicas
e encadeá-las:
uma coisa leva a outra, logo, pois
há que se atentar para o acúmulo:
antes do quadrado
há a reta
antes da reta, o ponto
– ainda que sem definição coerente não representacional –
e dessa feita, chega-se, alhures,
ao que gravita,
nalgum momento se chega
achega
– nesse ponto, paciência e perseverança
são adjuntos
uma abertura para o que rodeia
é preciso tanto quanto:
a pena branca que despenca da janela
o atrito da serra na madeira
o cacho do cabelo dela que deságua
a luz que incide na folha,
uma coisa que mora lá além da fachada
– tem algo ali, pressinto!
daí se investiga e sopesa
e pesa e mede
e se atina
e retoma a lição dada
e se encaixa,
momentaneamente mesmo,
que nada tá dado ou decidido,
tá na beira da definição
e da indefinição, tudo
daí se saberá algo
transitório que seja e belo ou feio,
até a próxima surpresa
que não surgiu de um feed
mas tem que ser com o que te encanta
e dentro de si, canta
em algum canto, ainda que escondido
recôndito dito só a si,
seu
aprendido e solto
como tudo o que se nos apresenta
e esconde