Num único ponto
O peso do verão
esmaga nessa encosta
as oliveiras.
Não há sombra
nas sombras
luz mais densa somente
e o fervilhar de insetos.
Na erva alta
uma laranja dorme já à deriva
abandonando ao chão
sumos azedos.
O jardim se submete
à mão do sol.
Só o lagarto
entrefechados olhos
se expõe à luz como se expõe a pedra
escuro e impenetrável.
Num único ponto avista-se vida
entre peito e garganta
onde sangue palpita.
Marina Colasanti