Começo a entender
O que sou eu
E o que é você
O que somos nós
E o que é o universo
A iluminação vem inesperadamente
Ao me lavar compreendi
Vejo agora
Vejo que no momento não há nada
Só o eu para ser vivido
E por acaso entendido
É complicado e não há como explicar
Só compreender e experimentar
É difícil e pode te perturbar
Mas se quiseres realmente vivenciar
O que a mente pode superar
Basta apagar-se e continuar a pensar
Pensar em nada e ser o nada
Que é a relevância do tudo
Que é a espada que rasga a alma
Nas veias do absoluto
É complicado compreender que tudo importa
Que como o nada, é da mesma forma
Que é tudo aqui e ao redor
Que é supremo e ignóbil
Que supera as fronteiras da causa
Que ignora as barreiras da conseqüência
É ação e reação, inércia e ficção
Muitos, mas muitos mesmo, não irão compreender
E irão me atacar
Parafrasearão escritos antigos
E me provarão o contrário
Mas deles mesmo, nada
Tão nada quanto o que os envolve
Dirão a mim que têm pena e que,
Não como eu, possuem a razão
Embora, creio eu, eles não a usem
E, também embora, eu os ame
Mas como falar que a dicotomia
Só existe neste mundo pequeno do olhar
Que se a mente for despedaçada
Formar-se-á um mundo múltiplo
E tão múltiplo que chega a ser único
Que é tão belo, tão lindo, tão perfeito
Ao qual eu não preciso dizer que é assim porque é a vontade
E que eu posso compreender
E por isso aceitar e crer
Não quero que todos me dêem ouvidos
Pois eu os amo
E sei que é mais fácil para todos
Viver sem compreender
E como um ser sem razão, venerar
E como um livre prisioneiro, escutar a verdade que não há
Agora eu creio e sou como um pássaro
Não falo da boca para fora
E me sinto feliz e bem por me amar
Amar-me em mim e em outrem
E, já pássaro, livre para voar
No eterno tudo em que entendi acreditar
Só o agora existe
E o agora abrange a existência desse tudo que se percebe
E o tudo é encoberto de nada humano
Um nada que me embebe
E que me faz feliz e triste
E que me faz ser completo
E que me faz ser