uma eternidade lateja e pulsa meus neurônios
a ânsia da mísera espera de um telefonema
enrubesce minha alma
que, ainda indignada de si, espera
o aparelho toca
a ao tocar, faz-se um iceberg
e toca meu espírito que se congela
mas como sempre,
volto ao meu estado de espera
tento ler,
as letras lidas não possuem sentido algum
a mente inclina-se ao espírito
o espírito à espera,
à promessa
à misera espera pelo telefonema prometido
é domingo para piorar a espera
Fausto Silva, Sílvio Santos
futebol show
e o telefone não toca
o rádio a lançar-me amor às idéias
à piorar a espera
as letras turvas e desconexas
as imagens profanas da tv
o amor que corre em melodias pretensiosas
e não salvadoras
contribuem por impedir meu sono
por fim, complicam a espera
e, como sempre, o telefone para outrem
eternidade do presente na espera
incômoda sensação de platonismo
impressão de indiferença e solidão
será que já posso afirmar ser amor?
o telefone toca…
mais uma vez volto à minha eternidade
(foi engano)