vi um jovem chorar sua solidão
vi-o num botequim pedreiro
de uma esquina qualquer
suspirava derradeiras dores
primórdios do obstáculo que nascia
ele não conseguia discernir
felicidade de acompanhamento
talvez por Tom Jobim suscitá-lo a pensar
que “é impossível ser feliz sozinho”
vertia ele tácitas lágrimas
e bebia como se o álcool fosse
um símbolo de um ritual solene
e a cada gole sorvido
lá se iam as esperanças e planos
cada lágrima trazia consigo
a mensagem da solidão perpétua
e ele a se maldizer,
vi-o sem a roupa do ego
vi-o nu em sua essência
seduzido pela beleza plácida
e voluptuosa de sua tristeza
agonizava
é jovem mesmo…
ainda não sabe o que há por vir
(na minha época…)