o quis um dia
como se quer a própria vida
e lutei por ele numa ânsia louca
de continuar a vivei
e o amei
o amei tanto como nunca
não amorisquei-me como sempre
mas deveras me entreguei
a amá-lo intensamente
aí um dia ele me chegou com prosa profusa
chorou-me o ombro
e confessou-me medo
aí então despenquei o que sentia
caiu-me tudo àquelas lágrimas
e não cri mais tudo
então ele me olhou estranho
e me calou o coração
e bebeu um bocado
qual um clown ébrio de Shakespeare
imerso em sua humanidade medíocre
e o vi tão humano que caiu mais tudo ainda
aí então arrisquei-me novamente
(cartas tão longas cheias de mel a escorrer)
e entro sem almejar anagogias
e ele fala tantas besteiras
que me contenho para não cair mais uma vez
mas ele aparenta tanto medo…
que nem tenho vontade de afagá-lo