2048. Balada dorida

dor doída
quase a dilacerar tudo
fazendo da alma
uma imensa ferida

ela quer fugir de você
como se fosse um monstro
um crápula
uma coisa sem ser

você a ama e pira
e ela quer que a decisão
saia da sua boca
ou do que você transpira

sofrer por antecipação
antes de tudo findo
antevendo a desgraça
e pior ainda, à prestação

você se sente um lixo
um louco, lerdo, lento
sem nada que valha
só um sentimento prolixo

ela quer a liberdade
essa que você pensou
sempre existir entre ambos
mas talvez seja só vaidade

e no fim você é o monstro
nada ameaçador
pouco, quase nada mesmo,
o idiota de um ogro

e você vira só um bosta
pensando que tudo
o vivido às duras penas
serve só como peso às costas

no final nem reticências
apenas um gosto
sem qualquer gosto
e uma eterna impaciência

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