2588. Contos do super-capitalismo tardio IV (ou politizando a Alta Modernidade)

em meio ao lócus mais propício para o embate de idéias
(boteco)
três largados tomam uma brahma
possuem cara de desamparo e carência absurda:

– não vou votar em ninguém. aliás, vou até fazer campanha pro ninguém.

– to contigo e não abro!

– é, é isso aí bicho…

ao lado sentam-se duas moçoilas bem afeiçoadas:

– cadê a mô?

– deve estar com a fê…

– vamos pedir uma breja então?

– demorou…

os três desolados, mudam o tom:

– a gente tem que radicalizar velho!!

– vamos botar pra fuder nessa eleição!!

– a gente podia ter napalm, heim?!

às duas, junta-se mais uma:

– ô vidinha de merda, heim nega?

– ô cidadezinha sem possibilidade…

– ô mundinho de sem rumo…

as três tomam duas e vão embora
os três já estão na oitava,

uns quinze minutos de silêncio depois:

– que bosta…

– que tédio…

– meu irmão, pensei melhor, acho que vou fazer campanha pra Dilma…

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