2633. Chá da noite em rodopio de estações

belo horizonte a ocasear pelo planalto
com vistas da fúria insanamente iansânica
estrondando as pausas da vida
liquefeita nos poros da superfície terrestre

lindo plano alto no engano de ficar
quando ser não basta na vasta ampliação
do que se pode tocar com as íris,
arcos dessas em prismas de gotas completam

garboso e erodido pelas vestes do tempo
o horizonte se acalma em explosão hidro-eólica
laranjando tardes permeadas de chumbo
em nuvens dessa e da fumaça do óleo diesel

no cedo do que hora é, infunde um negrume
onde antes só azul se esparramava
a noite vem qual chá, difusa-diluída no azul do dia,
fervida na luz do ocaso de quase seis
e sorvida fria em gotas miúdas de uma chuva de fim de verão

 

são esses minutos da Terra antes da primavera aqui no cerrado

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