Amor, amada,
vou ali tomar uns murros da vida
que ela pede não para
anseia por sangue
o meu o nosso
Ela não cessa
Amor, amada,
mesmo que tudo se encaixasse
o que arfa arma
não orna o mundo
não afeta pouco enfeita desagrada
A vida pesa e obstrui as vias dos corações
Amor, amada,
se pudéssemos nos bastar
pelos lençóis, luas e sóis
pelo que somos nós,
dádivas de quereres e vontades
frutos dessas mesmas verdades
e não crias de novelas
bíblias, dogmas e indústria cultural
até daria para sermos
Mas, qual o quê,
sinto que vou ali, apanhar
da vida
do mundo
de tudo
Porque amor
Porque amada
a realidade pulsa
os preços sobem
as bolsas caem os juros explodem
E meu peito que abarca
– amor, amada –
terá real acolhida
no casto da lida
dia após dia
só
todo errado
emaranhado e desatado em tudo
Um vagar de querer
suicida
calado pra sempre
no trabalho da vida
e na apatia que murmura
sê tal e qual todas todos
nos dias