em algum momento andamos
lá longe no tempo
nos becos e vielas das quadras
no peso
fluindo o corpo numa prancha no asfalto
rolês e rolamentos
atravessando o mato seco queimado
queimando por dentro
suaves, sossegados
um pouco mais à frente
mas ainda lá atrás
bem onde a vida bifurca
na travessia de dois motes ou duas sinas
as estradas ganharam léguas
eu fui
ele foi
fomos adiante, radiantes
porque ir é invariável
irremediável
meus remédios eu achei
seguindo a lida do sempre, do agora
e do medo, conselheiro
e da morte, companheira, à esquerda, à distância de um braço
seus remédios ele achou
seguindo aquilo que havia, no agora
sem o medo, maloqueiro
sem a morte, dívida
agora ele é morto
bala no peito
a mortalha de sangue coagulado dentro de um carro roubado
uma noite toda pra ser identificado
o tráfico do proibido
no peito do culpado
o tráfego atribulado pelo carro parado
mais uma conta no jornal, culpado
estou aqui, no agora
longe daquele tempo e desse espaço
mais perto dele do que saberia
com medo
e com a morte
dele
e ele não está mais aqui