o primeiro passo é o medo
um temor que nunca passa
tremor que abraça e afaga
como o fio de uma navalha
e o corte de uma adaga
daí vem a insegurança
nada te segura, nada é esteio
tudo é estrago e desesperança
todo interno vira inferno
sem a mínima proteção
eis que assim surge a raiva
consigo, com qualquer
explosões dentro dos nervos
erupções no topo da cabeça
arrastão da calmaria
pois que a anomia se escreve
então benevolente e malévola
falta eu, nosso, norte
horizonte vida ou morte
falta passado, porquê, mote
disso tudo, só a ansiedade salva
feito presente nunca vivível
eterno retorno do que virá
embrulhando o estômago
parando nó no esôfago
e no fim, alienar-se de tudo, com tudo
rapidamente enredar-se como peixe
num mar de sem sentido
como todo o sentido, inválido
pornográfico, anárquico, liberal
e precário