por fim, resto-me por companhia
dura, bruta, pouco acolhedora
mas que me firma como raiz de castanheira
extraio dessa companhia
não os frutos
não sementes
mas o sempre,
vívido pulsante do agora
estar presente em si por companhia
me acontece assim
esse estado de coisas
de que céus astrais foi forjada
a complacência opulenta dos castanhais?
se na escuridão da mata, no mergulhar do sol
o que resta são os barulhos de bichos
a perturbar as partes
e o estalar fino de sua própria casca só
me tenho por companhia
e é nesse triste acontecimento
que se sente o soerguer-se
sinto-me galho e folhas
despontando aos céus astrais
sinto-me, bojo, caule, firme
contornando a minha existência
deparo-me com o que é mais segredado,
só a mim árvore:
no emaranhado da terra
entre o podre que permite a vida
sinto minhas raízes rasgando
terras, pedras, rochas, veios
fincando espaço de existência
sugando o néctar do solo
que há de me conduzir seiva
esse estado inanimado
que me humaniza árvore
enquanto solo
comigo só
por companhia
Você tem um caso de amor explícito com as palavras Guilherme. Síncope tive eu agora.
É o que sinto com as tuas. Poderíamos criar uma comunidade de livramantes das palavras. Poderia não ser muito produtiva em termos capitalistas, mas sei que fértil seria, fé que seria. Cheia de feitiçaria. E de certo, encantaria.
Poderíamos. E, sim, encantaria