Quem me conhece na vida além telas e monitores, sabe que sou geógrafo de formação, segui os passos de minha mãe e fui estudar os fixos, os fluxos, os processos e as estruturas do espaço, dos territórios, das regiões, das paisagens, dos lugares… Fui atrás de territórios culturais, das relações de poder entre lugares, das hierarquias nas redes urbanas, das relações entre campo e cidade, da apropriação dos espaços naturais. Descambei estudando culturas tradicionais em espaços urbanos e fui terminar tentando desvendar o que a geografia escolar tinha para nos mostrar acerca das relações desiguais entre os gêneros.
Na sequência migrei para a arqueologia, fui descobrir as paisagens passadas e sua relação com as formas de ser do ser humano ao longo do tempo. Achei lindo tudo aquilo, o simbolismo das paredes pintadas, os restos de gente que aqui andou e forjou seus lugares, seus territórios, seus sagrados. Acabei estudando como seria possível pensar nas questões de gênero dentro da arqueologia, em como seria possível identificar esse estar “mais próximo” da natureza e a formação das desigualdades entre mulheres e homens tão ainda arraigadas no mundo. Queria ver se o passado podia dar pistas sobre o porquê disso tudo. Acabei me apaixonando pelo estudo da técnica e da tecnologia.
Foi aí que resolvi voltar para a geografia e estudar o diabo desse ciberespaço, dessa construção em rede que demove turbas a perpetuar desigualdades e preconceitos e ao mesmo tempo quer conectar esperanças e propostas para a desconstrução de algumas misérias humanas. Dissertei sobre os territórios do ciberespaço, sobre suas paisagens, sobre as redes e os fluxos informacionais que nos atordoam o tempo todo, que nos deixam sem pé no chão para o encontro de verdades, que deixa tudo frágil e efêmero, na velocidade de um clique.
Essa última imersão acadêmica terminou em 2013, mas desde lá que tenho tido arroubos distintos com o ciberespaço e a internet. Tem horas que quero mandar tudo às favas e me desconectar completamente, voltar às cavernas, sei lá. Em outros momentos, quero iniciar a revolução através das redes e conectar todas as pessoas de bom juízo numa grande massa de seres terrestres que irão tentar deixar isso aqui melhor. Nenhuma das duas coisas me basta e fico vagando entre um pólo e outro.
O fato é que ando meio querendo me livrar um tanto de algumas redes que me meti irrefletidamente e que, na real, não estavam me levando a lugar algum. As tecnologias são coisas que nos adentram de tal forma que depois do contato com elas fica difícil imaginarmos como seria nossa vida sem elas. Mas isso tudo é meramente uma produção de marketing. Nós não precisamos delas tanto assim. Dá pra viver sem certas tecnologias que nos empurraram goela abaixo como o suprassumo da conexão entre as pessoas.
Deletei quase todas as minhas contas nas famosas redes sociais. Percebi que sempre estive imerso em minhas próprias redes sociais, de afetos, de amores, de carinhos, de contatos, de conversas, de compartilhamentos, de vida. E nunca precisei antes de uma empresa que controlasse essas minhas redes e que, de quebra, vendesse minhas informações para alguma empresa de sapatos.
Enfim, esse enredo todo, é só pra dizer que será somente neste espaço que compartilharei as coisas que sempre gostei de jogar ao vento da aleatoriedade do ciberespaço: poesia, prosa, música, ideias. Cá me encontro de quando em vez, para que esse lado que em mim ainda quer a conexão com o mundo através das tecnologias tenha espaço.
Aproveito o ensejo para compartilhar duas descobertas desses dias de downloads frenéticos, em que tentei terminar a minha coleção de discos brasileiros de 2015:
Que incrível tudo o que você já estudou! Sou igualmente curiosa e achei super bacana
*-*
Concordo plenamente com você em relação as redes sociais. Eu mesma só mantenho uma ativa, com intuito de divulgar meu blog e manter contato com amigos de longa distância.
E, curti ambas as canções! :)
Abraço
Sinto que muitas pessoas estão fazendo essa crítica, ainda bem que conseguimos proceder assim :)
Que bom que gostou das músicas. Vou me dedicar mais a compartilhar bons sons por aqui.
Obrigado pelo comentário! Abraço!
Pois bem querido geógrafo, deixo um felicíssimo ano novo pra você, com muita poesia, música e prosa. Reformulo: sensacional ano novo…
Que seja sensacional para nós Cris! E tenho certeza que será: poético e melodioso. Obrigado!