quando não se deseja,
dois afagos lhe são dados
vivenciados sem expectativa
e de plena a carícia
um deles é o chão
superfícies irregulares
rasgadas de tons múltiplos
terra, pó, cimento, ardósia
mesmo o lixo entre as pedras
instiga de se ver
o outro é o céu
superfícies mutantes ao
longo do dia
morada do invisível
e de tudo o que desmancha
onde a gente vive sem ver
quando não se deseja,
se olha pouco para os rostos
que transitam seu caminho
olha-se o chão ou o céu
o problema são os tropeços
dada a desatenção
que ocorre quando não se deseja
e meu problema é o enleio
de quando não desejo
que mesmo nada vendo
se acomete em mim pelos cheiros