os lentos verões as noites de frio
todo o contorno percorrido pelas mãos
as manhãs solitárias
eternas
não as de agora nem as de ontem nem as de antes
as minhas manhãs
o super-mercado a fila o chuchu
minha voz sendo ouvida pelo vento
uma animalidade bestial desejante
o não
e o sono
uma passionalidade amante
o sonho
construí grades de mentiras
frágeis como bolhas de sabão
construí grades de bolhas de sabão
os anos aconteceram juntos ao amor
e minha sinceridade crepuscular
só me permitiu ser amável
mas amor só acontecerá na noite
eterna
minha inteligibilidade beira o caos
mas o caos não ama não deseja
talvez eu seja um monstro
me lembro dos detalhes
eles não sairão da cabeça
só se ofuscarão com o crepúsculo
depois das miragens há de vir uma manhã
eu irei a super-mercados filas chuchu
o amor explodirá e eu virarei objetos
com histórias ouvidas pelo vento
na crepusculante manhã de amanhã
eterna solitária
grades de bolhas de terra
onde não mais acontecerei
não sou um monstro só um idiota
Me identifiquei com sua escrita. Amei o texto.
Acho lindo quando alguém se identifica com o que escrevo, obrigado por falar. Esteja à vontade nesse emaranhado de palavras ;)