“Não posso terminar com o Júlio
pra ficar com você, Matheus”
– eu supunha que era assim que se escrevia –
“Eu tô grávida do Júlio…”
Enquanto esperava o temporal se afastar
para o rumo daquela casa que já fora a minha,
sentado à deriva na estação do metrô
rumo a mais um lar temporário,
escutava a moça falando ao celular.
Isso sim era um problema.
Quase toda chuva me deprime
e isso não é de hoje
e quase tudo me toma em lentidão tanta
que a pressa se chama caravela.
Acho que a chuva passou,
ainda escuto os murmúrios abafados
da moça ao lado no celular.
A vida se descortina ampla.
Eu não tenho problemas, eu sou um.
O celular dela vai descarregar,
isso é um problema.
E nós dois choramos.