A fagulha só pega
quando há corpo a queimar
e calor pro ar passar
feito rastro de meteoro no peito
Todo fogo queima
de doer e até entender
tatuagem-queimadura
a estampar lições
A primeira passagem
é a das notas contidas
nos sinais de fumaça
no toque de tambores:
há que se saber os códigos
para decifrar epigramas de amor
Os sinais tem de ser claros
mesmo na escuridão:
por quais ruas deambulam
danças ou fugas
que farão o próximo passo
Do fogo a luz
que cadeia no céu
se faz sombras e lê-las
dá o enredo
Há encruzilhadas
que deságuam em todo o futuro
E o corpo sente
Amar-se as dores,
outra conta para as pagas da vida
E as lições do fogo continuam
ainda que em barco naufragado
mar livre do peso de se sustentar
a liberdade de ser os próprios sinais
Respira
Descobre o que assombra
Ali nos corais há habitação infinita
E nenhuma regra há de impor
quantas casas se erguerão no fundo abissal
Despede do que te veste de incerteza
fique nua, do avesso ao verso
Escuta o canto:
melodia pura de sensação ébria
um tritão ergue a voz
e chama,
no mar há fogo
Não respira, pira
Se despedaça em cada parte que alcançar
e se recompõe, regenera
de prazer
dê-se