0083. Consciessência

Confuso distúrbio difuso
Eu e o mundo
Cansei-me de tudo
Não sei qual o rumo
A vida apresenta-se
Como o tempo do cerrado
Ora a vida é seca
Ora a vida jorra dádivas divinas
Só vejo olhos oblíquos e dissimulados
Deve ser a minha ressaca
Que amarga o que meus olhos tocam
Depois de um licor de neurônios perdidos
Ainda outrora senti a faca
Que rasgou minha alma em duas
Uma facada dada por mim mesmo
À traição, pelas costas, sorrateiramente
Mas lobos me avisaram para não me apunhalar
E coberta de vermelho fui atrás de lobos
E eles me aceitaram não aceitando
E aos poucos fui assimilado
Flashbacks cortam o tempo
E minha consciência convulsiona e soluça
À procura de sua essência

O que quero mesmo pe fulgurar-me
Em uma calda de Boitatá
Ou na cabeça velada de uma mula sem esta
Ou então gostaria de girar
Como um saci-ciborgue em seu redemoinho
Até banhar-me junto às sereias
Numa lagoa bonita
Onde Mãe D’água reina soberana
Até que Tupã mancomunado com Zeus
Mande-me ao exílio
Um exílio interno em plutão
Plutão encefálico e encoberto

Uma névoa de gererê incomoda
Mas Hércules fala para não me importar
E para lembrar-me do passado
Agora ondas sonoras graves e agudas
Batem estaca em minha psique
E eu viajo e nem preciso da névoa
Porém, o mundo continua conturbado
Dentro e fora
In and out
Acá y afuera

Ai, ai… o que quero mesmo é integrar-me à banalidade

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