neste espaço que observo
pretendo ocupar aqui uma poesia
mas sempre começo e paro
recomeço e paro e não
me foge a sombra dessa
idéia (quase platônica) de
que deva eu começar o
preenchimento de forma poética
os versos da canção me assombram
os neurônios. coloquei-a na vitrola
pensando assim lha exorcizar
mas qual o quê! nem nada fez-se
às minhas idéias. e o começar
de novo sempre voltando, recomeçando,
quase um eterno retorno
minha burguesidade me lança
imagens de um começar de novo
amóreo – como a música –,
só eu, matutinamente satisfeito
mas na vida o começar de novo
faz-se de formas outras que
não o de uma utopia amorosa
“cinco jujubas, um real!”
“ó o vale tique, ó o vale!”
e todos esses recomeçam,
por vezes já começam no recomeço
(“Bala de coco só paga um real!”)
Ah recomeçar de fato…
Quem sabe numa outra vida.