No meio do processo nos encontramos
– pausa para as bombas
aquilo fora apenas uma demonstração,
Herba Life para os não alinhados
saborearem o gosto da pimenta aérea
Eu te vi de mão no queixo
e de pernas n’água
Cê me viu me vendo,
montado num elefante
Eu cheguei mostrando as parte,
cheguei me despindo
Algumas partes em regeneração
outras puro sangue
Cê tava de poesia
Eu portava alguns poemas
e uma prosa trôpega
Mas cê me deu a mão
em meio às possibilidades
e eu vinha com a ilusão
e todas elas a salpicar meu corpo
Mas cê foi o possível que se abria
e o impossível a ganhar tônus
Nos encontramos no meio da reverberação
e vibramos tantos tons rubros
tantos sons
e essas coisas que não ocorrem cotidianamente,
tampouco inesperadamente
Cê veio filme europeu
ou cena de algo assim dialogado e imagético
Senhora de mil faces
em mil luzes e sombras miúdas
encostando as cortinas
E daí nos encontramos
dentro d’água donde o sal limpa e benze
As correntes do mar
e o magnetismo que nos encaixava
eletrificavam as pulsações do horizonte,
uma festa de espaços chumbo
e o sol de arrebentação
Coincidimos no meio das estações,
como dois sequiosos por todas as frutas
de todas as épocas
e pelo nosso sumo a escorrer
ávido e vívido entre os lençóis de cambraia
e os edredons de algodão
Vergando as possibilidades a virarem
o agora num e numa,
além dos braços mais indianos e oferecidos
e as faces tão perto, tão perto, tão perto
que ciclopes de Cortázar se faziam nos travesseiros
Corremos matas, matos, pontes, pontas
e até céus de morros verdes
em sinuosidade avoada
Caminhamos para um pouso orbital,
nossas casas que se conectam no lirismo
dos sonhos transponíveis
Nos encontramos
a cada encontro
quando nossas palas lavram
campos de flores e palavras e toques
Minha mão pousando em tua coxa,
a tua se enrolando nos pelos do meu peito
A presença contínua